
Os Quintais da nossa memória nos pertencem
Apagamentos constantes , muitas vezes resultam em “naturalização” ( o que jamais deveria) de ausências bem como distorções. Nega às gerações futuras o direito de conhecer seu passado. Existem grupos que detêm o poder e interessa a eles os apagamentos. Refletir sobre espaços que hoje estão cada vez menores, cimento, muros, cercas, condomínios limitam a integração coletiva e as trocas. Árvores são derrubadas, áreas verdes extintas, queimadas, fumaça, arranha-céus cada vez maiores que barram chuvas e ventos, afetam o clima.
O racismo, que se manifesta na intolerância religiosa, unindo-se ao ultraliberalismo para atacar, principalmente, as matriarcas das religiões de matriz africana. A opressão que se desdobra no racismo climático.
O Quintal da Vó é um lugar de resistência, de reavivamento das memórias. No nosso Quintal as mulheres, ora apagadas, ora diminuídas em seu papel, são as protagonistas com seus saberes e fazeres. São mulheres ancestrais, da classe trabalhadora, e entre elas as mulheres negras e indígenas que têm centralidade no protagonismo na nossa identidade cultural , são todas as grandes forças matriarcais. Assim como elas,a natureza, a maior das ancestrais que com suas folhas e plantas nos nutrem de narrativas e de memórias das nossas.
Eu sempre digo “ Nós temos que contar as histórias da nossa gente. As nossas histórias contadas do nosso jeito de narrar”
Eu, como fotógrafa e fazedora da cultura que faz suas andanças nos territórios, uso meu corpo e câmera para registar outros fazeres e muitos saberes, mergulho em uma cidade rica em pessoas, em cultura. E percebo claramente que quem deve realmente definir a memória de um povo a ser preservada, é o próprio povo, em suas múltiplas vozes que expressam pluralidade e diversidade da identidade cultural construída. Sim! Todos têm direito à memória.