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Mameto Tatiana

Tatiana Rocha movimenta-se em sua atuação dentro da cultura afro-brasileira como  Mameto de Quimbanda e Mãe de Santo do Terreiro de Umbanda Mãe de Deus, em Barão Geraldo, Campinas .

Ela se define como “uma mulher que planta” e reconhece as ervas como “ as grandes senhoras filhas da Mãe Terra”, que guiaram seu caminho espiritual.

 

O seu Quintal 

O quintal é para Mameto Tatiana um espaço de transformação, cura e esperança. 

"Se a gente não tiver mais folha, a gente não tem mais cura. A gente perde", afirma. Esse olhar inspira sua prática de resistência e preservação de saberes ancestrais.

Inspirada por sua avó, que plantava em latas no quintal, Mameto iniciou sua conexão mais profunda com a terra em 2010, ao mudar para uma casa com um quintal amplo. 

Nesse espaço, começou a cultivar ervas, recuperar o solo, captar água da chuva e até criar minhocas, em um processo que marcou uma virada em sua vida. Ela descreve essa relação com as plantas como “uma transformação intransferível”. Cuidar da terra é um processo lento. E leva tempo. E tem um ritmo. 

 

As Folhas do Quintal

Colônia

Cada planta, para a matriarca, ela conta sobre seu aprendizado ao observá-las : “queria ser mais resistente como a babosa”, “ter mais espinhos como ora pro nobis”, “melindrosa como a malva”.

Sua planta de conexão é a Colônia, uma planta afro-ameríndia que possui uma flor bonita e exótica,  segundo ela, essa planta é essencial para equilibrar a cabeça (ori), trazendo harmonia, serenidade mental e bons caminhos, desempenhando papel importante em diversas práticas  da tradição afro-brasileira.

 

Os nossos Quintais

A matriarca afirma que o Quintal é uma possibilidade de saúde porque a partir dele, pode se produzir alimento, além das plantas medicinais. A forma moderna de urbanização, tira os quintais  que também são uma possibilidade de refrescar a sua rua.  E sem saúde as pessoas adoecem.

“Um quintal não é só um quintal. Em mundo adoecido, aquecido, em desequilíbrio. Acompanhamos o assassinato da flora e da fauna. Nós adoecemos, o planeta adoece. A gente precisa de cura neste mundo. O quintal é um mundo de possibilidades, de futuro e de cura.” 

Mameto Tatiana ao alertar  sobre as questões ambientais faz o convite para  outras mulheres construírem suas próprias "florestas no quintal", mostrando como o cultivo pode ser uma ferramenta de reconexão com a natureza e com o conhecimento ancestral, bem como um caminho da nossa transformação e da nossa solução enquanto planeta. 

Para ela; “Não consigo me imaginar fora de um espaço que possa ter tanto futuro que é o que as plantas trazem para gente.. Enquanto  tiver uma mulher que plante capim-limão para fazer chá para seu neto ou filho, ainda haverá esperança. Tem que transformar todo quintal em um pedacinho de esperança.”

 

Mameto é o cargo de zeladoria ocupado por mulheres na Quimbanda Congo e também Candomblé Bantu. É aquela que cuida dos nossos ancestres e, no caso do candomblé, das divindades sagradas do culto. 

 

Orí, palavra vinda do Iorubá que significa cabeça. Ori é o lugar que abriga a essência de Orixá/Nkisi/Vodum, estas que são as divindades sagradas cultuadas pelas religiosidades de matriz africana. 

© 2024 by Fabiana Ribeiro

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