
O Quintal que vive em nós
O Quintal da Vó é uma história que sempre esteve dentro de mim, aguardando o momento de ser reavivada e despertada.
Os quintais das casas dos meus avós, de um tio-avô o “ Careca” , da casa dos meus pais, são lembranças marcantes da minha vida e compõem as memórias mais fortes e vivas dentro de mim. Ao pensar na escrita deste texto um outro local ressurge na minha imersão pessoal no meu próprio quintal de memórias; o quintal dos meus avós paternos. Algo bem pontual, até porque o contato não era próximo, mas há uma lembrança que aquece meu coração e me faz sorrir: o Vô Chiquinho. Ele era meu bisavô, baiano e benzedor respeitado que benzia em um quartinho pequeno e meio esfumaçado naquele quintal. Quase consigo sentir o cheiro das ervas, ver o copo com água e o terço em suas mãos. Eu me recordo do afeto que sentia por ele, embora não me lembre de sua partida, apenas me recordo da amorosidade, do afeto da cura.
Parece uma história mágica e, de certa forma, esse projeto também é assim. Estava fotografando para uma oficina do projeto Comunica, e a fotógrafa gaúcha Anna Ortega, reacendeu memórias da casa dos meus avós maternos ao contar dos projetos envolvendo sua mãe, tia e avó. Naquelas tantas, eu ainda estava em dúvida sobre quais dos projetos fotográficos que tenho, iria submeter ao edital da LPG. Fui dormir pensando em um emaranhado de situações, e sonhei com o quintal da Vó Mélia (minha avó materna), o meu lugar de refúgio e acolhimento nos sonhos quando procuro uma resposta para alguma situação em minha vida. Quando acordei, na manhã do dia seguinte, o projeto estava pronto e desenhado em minha mente. Sentei e escrevi.