

Mãe Maria Ibeji
Maria José de Moraes, a Mãe Maria, mulher negra iniciada no candomblé como Dofona de Ibeji, dedica mais de 60 anos da sua vida às tradições culturais afro-brasileiras na cidade de Campinas. Também está à frente da casa de candomblé ketu, Ilê Omonibu Axé Beje-Ero, situada no bairro Chácaras Cruzeiro do Sul próximo ao Campo Grande.
O seu Quintal
Nascida em um espaço cercado por chão de terra batido e plantas. Relembra os chás da avó; erva doce, poejo, hortelã, água de levante “afinal para as antigas, os remédios eram os matos”, completa.
Para Mãe Maria de Ibeji, o cultivo de ervas não é apenas uma ritualística pessoal; é uma experiência compartilhada que se conecta com outras pessoas em sua comunidade.
A jornada da mãe de santo está profundamente relacionada à tradição de matriz africana. Em sua prática do Candomblé, as ervas não são apenas plantas; são elementos essenciais para a tradição ancestral negra. A matriarca enfatiza que as ervas são fundamentais em todas as atividades dentro de uma casa de Santo. Ela menciona que “tudo que você vai fazer dentro de uma casa de candomblé, existe a erva”. Essa afirmação reflete a centralidade das ervas na identidade cultural afro diaspórica. As ervas são essenciais para a cura e a manutenção da vida.
As folhas do Quintal
Entre muitas: Levante e Manjericão
Mãe Maria de Ibeji relata que cada erva tem seu propósito e significado dentro da sua tradição, mas cita o Levante e o Manjericão ocupando um lugar de destaque em seu cotidiano.
“Quem tem conhecimento sabe que é delas que nós vivemos, é delas que nos curamos. quem tem um pouquinho de conhecimento sabe o valor de ter uma erva dentro de uma religião ou dentro da vida”, acredita Mãe Maria.
Ela relata a importância de Ossanhe, o Orixá das folhas, e explica que toda casa de santo tem um lugar dedicado a ele. É esse Orixá que “mostra a folha” que cada pessoa necessita a Mãe de Santo. Essa revelação acontece durante o jogo de búzios. Ossanhe ensina. Ewé ó! (Oh, as folhas!)
O Nosso Quintal
A matriarca afirma o importante papel do conhecimento e da sua transmissão, comparando o conhecimento como a raiz de uma planta e da fé, inclusive nos mais jovens. “Temos que cativar a nossa juventude, porque depois da nossa partida, lá de cima a gente não quer ver tudo isso morto. Queremos ver essa juventude enraizada e dando continuidade e seguindo”